Para descontrair

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Para descontrair

Colegas, coloco algumas fotos abaixo, para mostrar "quem somos" e um pouquinho do que estamos fazendo no Centro Acedêmico de Direito.

Acima, as componentes do CADI, Andrea Teixeira, Ana Righi Cenci, Andrea Nunes e Luciana Bohrer.

Foto do Grupo de Estudos em Direito Administrativo, promovido pelo CADI (organizado pela Andrea Nunes). Faltam alguns componentes. As reuniões do GE acontecem todas as quartas feiras, às 17h30min, na sala H2/3 do Campus Ijuí.

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Aproveito para lembrar que essa semana se encerra o prazo para a inscrição de artigos sobre os "Vinte Anos da Constituição Cidadã". Interessados não deixem de ler as regras (estão no último post) e participar!

Boa semana à todos.

Ana Righi Cenci

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A (não) participação jovem: um problema de cidadania.

Ana Righi Cenci

Diversos teóricos defenderam que o sujeito só luta por determinada coisa (seja um objeto, seja um direito seu) quando se sente parte dela, quando ela lhe pertence. Se não se sente parte, não luta, não defende. Talvez seja essa a principal causa para a acentuada alienação (entenda-se “não participação”) política, social e cultural da maioria da população e, de modo especial, da juventude.

Mas o que faz com que as pessoas não se sintam parte da sociedade em que vivem? O que faz com que não nos percebamos enquanto grupo nas mais diferentes instâncias (seja na escola, seja no trabalho, na entidade civil em que participa, no bairro, na cidade)? Pertencer a uma sociedade é ter direitos sociais, civis e políticos assegurados, é ser cidadão. Formalmente, há uma Constituição, uma questão burocrática que nos qualifica enquanto tal. Porém, como todas as coisas que existem no mundo, não basta que isso esteja apenas no papel.

Há, então, um sistema que não permite o sentimento de cidadania. Há uma sociedade que molda as pessoas, dita um padrão sobre o que é certo, o que se deve fazer, o que se deve vestir, o que se deve ser (ou ao menos o que se deve parecer). O “padrão a ser seguido” só pode ser atingido por alguns e, como não poderia deixar de ser, exclui muitos. Quando há uma ideologia que nos impõe o consumo, nos homogeneíza, é inevitável que aqueles que não podem consumir e ser aquilo que é tido como bom e certo se sintam excluídos, sintam-se do lado de fora dessa sociedade.

É isso que acontece com a população de modo geral e, principalmente, com a juventude hoje. Quando a pessoa percebe que não pode consumir, não pode ser igual ao que a televisão mostra, sente-se desigual, sente-se fora da sociedade e, é claro, não terá vontade de participar e de lutar por uma sociedade que não lhe pertence, da qual sente não fazer parte (muito embora ele faça). Os graves problemas sociais (a precariedade da educação básica, a falta de acesso à universidade, o desemprego, a falta de moradia), assim, parecem distantes: são, afinal, problemas de uma sociedade a qual eu não pertenço.

Grande engano! São, isso sim, problemas de todos nós, ijuienses, gaúchos, brasileiros, cidadãos do mundo que somos. São problemas não só de quem os sofre, mas de toda sociedade (até porque muitos se sentem distantes do problema, quando na verdade são parte dele). A única saída, no entanto, é a participação. É perceber-se como parte do problema, parte de uma sociedade complexa e desigual e lutar para que as coisas mudem. Seria batido dizer que “o voto é a arma popular”, até porque é cômodo demais pensar que votar a cada dois anos é “fazer a sua parte”. Não é.Afinal, é visível que só o voto não muda a realidade de ninguém. É preciso participação sempre.

A juventude é a grande atingida pelos problemas do sistema em que vivemos: o mundo se mostra sem espaço para todos, sem oportunidades de emprego, de educação, de saúde, de cultura e de lazer. Além disso, nos deixamos levar pela idéia de que o que importa é parecer feliz (embora não sejamos tão felizes assim). Vivemos submetidos a uma série de precariedades, mas não relutamos em sorrir para a foto do orkut (ao menos assim, seremos felizes aos olhos dos outros). Um mundo que nos torna cada vez mais homogêneos (mas, ao mesmo tempo, menos iguais) não interessa a quem é jovem e precisa encontrar formas de libertar-se, de ser autêntico e ser diferente.

Talvez nunca alguém tenha lhe implorado para ser cidadão. Mas é isso que tem que ser feito: por favor, participe do mundo em que vive! A quem interessa mesmo que nós, jovens, continuemos sem emprego, sem educação e sem uma série de outras oportunidades? A nós, com certeza não. E se não nos interessa, não é nem preciso lembrar da necessidade de fazer algo para mudar tal realidade.

Não pretendo parafrasear Marx e dizer “jovens do mundo, uni-vos!”. Mas façamos, sim, a revolução! Se não for aquela, feita com ideais e sangue de muitos que acreditaram num mundo mais justo, que seja ao menos uma revolução na consciência de cada um. A mudança do mundo, então, será mera conseqüência.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008